Sou feito de ti, de nos, daqueles que amo, daqueles que gosto, daqueles que me enervam, daqueles que gosto menos. Sou sonho condensado nesta forma humana, neste poço de sentimentos, uns mais banais que outros, mas sempre sentimentos.
Sou o que sou quando sou. Sou o mesmo quando choro, quando sorrio, quando me riu, quando fico envergonhado, quando fico encantado, quando fico enervado, quando me tiram do sério. De castanho incendeio a alma de quem me olha, de castanho escrevo as páginas do meu destino. De olhar profundo enfrento a vida e estes caminhos labirínticos que se colocam a minha frente. Sou simples sem deixar de ser complexo. E se alguém pensa que me compreende e entende, que se desengane, pois nem eu me compreendo ou entendo. Penso saber quem sou e o que quero, mas as vezes surpreendo-me a mim mesmo. Estou aqui, livre e solto acorrentado a isto que chamam de realidade, acorrentado ao que sou e ao que fui, acorrentado as pessoas que amo e que sinto que me amam. Sou feito de muitas partes, partes que me constroem como um puzzle, partes que se interligam como células deste tecido celular a que chamam de pele. Sou estas peças todas.
Blocos de passado e presente com espaço para o futuro que se sobrepõem em forma. Blocos que vão se lapidando à minha existência e vão dando origem a este ser que pode bem ser uma caixa de Pandora. Em minha boca guardo segredos bem guardados, mas também guardo sonhos que podem ser partilhados.
Sou feito de muitas partes, mas também de nenhuma.