Saturday, September 04, 2010

Gosto de ser iludido pelos humanos

Venham brincar comigo
Atirem-me um pau, eu vou buscar
Mandem-me rebolar
Que também rebolo,
É tão bom brincar na realidade
E brincar às existências
Sejamos dissimulados
E com falsas promessas
Sejamos máscaras neste caminho para lado algum
É bom existir e ser usado
Sou uma peça de roupa resistente,
usem... abusem... vistam-me
Do direito, do avesso, amarrotem-me e atirem-me para um canto do quarto
Lembrem-se de mim quando já não existir mais nada para usar. É bom ser recordado às vezes, mesmo que seja apenas na ausência
Andem lá, força!
Até aguento bem as rotações da máquina a altas temperaturas, não têm que gastar as vossas delicadas mãos para me manter usável, também suporto o calor do ferro, por isso passem-me sem medo. Não reclamo o vapor, apenas gosto de ser usado.

Sunday, February 14, 2010

Virar a página

Deixo-me cair sobre este chão frio, em câmara lenta, sem forças para reagir à sua frieza e dureza.
Apetece-me chorar, chorar, chorar... evaporar.
Voar nas asas do vento para bem longe daqui, para longe de mim e mais próximo de ti.
Estou cansado de esperar por quem não vem, esperar pela brisa do Verão que nunca aquece e pelo sonho que não ganha forma.
Já aqui não estás e não voltarás.
Fechei as portas do meu ser a tua natureza.
Palavras... se as quiser compro um livro cheio delas, não preciso de um livro em branco que pensava encher de imagens nossas e que ao folhear só encontro minhas. Preciso de acção, realidade.

Acabou
Virar a página.