Sinto o teu olhar penetrar em mim… a cor dos teus olhos que não vejo incendeiam o mais profundo dos meus sentimentos. Vejo-me e revejo-me em ti. Na tua expressão dura e rude esperas que eu ceda aos teus caprichos. A tua boca revela um desejo malandro de se envolver sem se entregar. Uma brincadeira de crianças em que ninguém sai magoado e somos apenas dois seres a partilhar um mundo encantado que preferes esconder atrás de uma estátua de gelo cortante. Conseguir ver a tua cor é entrar nesse teu mundo labiríntico de cor, divertimento e prazer. É entrar nesse teu mundo onde te perdes e nem sempre te encontras.
Escondes-te por trás dessa tua pele e tens medo que o equilíbrio natural das tuas entranhas espirituais seja abalado e que caia por terra essa tua armadura. Tens medo de revelar que ainda és uma criança em corpo de guerra.
Deixa-me envolver-te. Deixa que as minhas mãos derretam o teu gelo e que a minha boca te devolva a cor. Sente o meu respirar junto do teu bater. Sente o fluir do meu sangue e deixa correr o sangue em tuas veias. Funde-te comigo e deixa que o mármore em que te tornaste se volatilize e possamos os dois caminhar nesse teu jardim interino que teimas em proteger. Não me assustas com esse teu ar mona lizico, muito pelo contrário, mais desejo sinto em derrubar essas paredes de aço e partilhar contigo os tesouros que guardo em meu peito.
Quero sentir as tuas mãos geladas em meu corpo ardente e quero que acalmes esta fúria inflamável…deixa-te contagiar pelo vírus do desejo carnal e espiritual… Não tenhas medo. Deixa-me beijar-te. Bebe da minha boca o elixir da vida. Sente na minha saliva o néctar dos deuses. Sente nas minhas mãos, que afagam os teus cabelos, o desejo de te fazer renascer para a realidade em que só existimos nos os dois. Realidade essa em que a tua essência se mistura com a minha e tu, meu soldado de pedra, te revelas como amante e ser de luz eterna. Não precisas de te esconder mais nesse mausoléu labiríntico, vem brincar comigo neste pátio de constelações e astros flamejantes, onde podemos mergulhar um no outro eternamente.
Será que alguma vez deixaras de ser essa estátua eterna?
Será que alguma vez te tornarás num ser de desejos etéreos?
Deixa que a tua essência faça parte da minha… anda… vem.
Espero por ti.
Não temas e seremos mortais.
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