Saturday, September 08, 2007

Sou um instrumento do teu amor

Sou o violino que tocas em voz baixa, discreto e silencioso.
Passas os dedos pelas minhas cordas com uma mestria impar, fazendo vibrar o meu corpo com o teu calor. Sinto o teu respirar em minha pele e a agitação do teu fluxo sanguíneo confere-me vida. Vida que só faz sentido quando os nossos corpos se juntam e em orbita entramos, enchendo o nosso lugar sagrado de som, movimento e amor. Sinto os teus dedos deslizarem, por este meu corpo frio, manipulando-me como uma marioneta que se move ao som dos teus caprichos, somos um só neste nosso mundo inventado e fantasiado. Somos um só neste céu ardente e flamejante, tão cheio de desejo, som e ritmo.
Novos sons se inventam, novas historias se contam, mas seremos apenas nós nesta cumplicidade, neste sonho feito a dois num mundo tão próprio.
Adoro o modo como as tuas mãos pegam no meu corpo e o aproximam de ti. Sinto o céu no teu toque e no movimento do teu corpo sobre mim…. A calma dentro de mim vem do modo como me tocas…. Neste espaço em que posso respirar e acredito existir para ti e para mim. Sente o movimento do meu peito… vê como ecoas dentro de mim, num palpitar ardente e rejuvenescedor.
Bebo a inspiração dos teus gestos e do teu olhar fechado sobre mim, em que o teu espírito invade as minhas cordas magicas e fazem sair de mim o mais maravilhoso dos sons. Sons que fazem dançar os anjos não caídos sobre nos. Sons de dor, prazer, amor, mas também de paz sobre este mundo perdido em que me encontro em ti.
Canto ao som dos teus desejos, ao som do teu desígnio. Fazes de mim o que queres ou o que tão bem sabes. Quando me acaricias deixo de ser musica e passo a ser vibração e arte, os nossos ouvidos deixam de existir e em silencio vibracional o meu ser se funde com o teu espírito e o corpo se derrete num leito quente, em que as tuas mãos e o meu corpo deixam de ter principio e fim e o teu sangue corre em minhas veias, veias antes secas e mortas. Veias gastas com o passar do tempo que não muda, veias secas como o deserto morto sequioso da tua essência. Meu corpo busca o oásis refrescante de ti e ganha vida cada vez que o tocas. Ganha vida cada vez que o levantas, colocas junto a tua pele e passeias fervorosamente sobre as suas cordas. O sangue volta a fluir, o rio da minha existência volta a ser refrescante e o céu abre-se para nós. Um raio desce até nos e eu acordo com a luz do dia.

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