O amor bate aqui… em surdina. Sinto o
seu toque caloroso num olhar de gelo cortante.
Tão perto, mas tão longe. Sinto sem
poder sentir. Quero o que não posso querer. Perco-me no oceano de uns olhos,
nos contornos da uma boca… que não conheço e nunca provei, mas com os quais sonho
a toda a hora e instante. Quero sentir-te, quero tocar-te, quero-te.
Queria sentir nos meus dedos o ouro
que há em ti, aquecer nos teus braços e ouvir a batida do teu coração nos meus
ouvidos. Deixar que o som da chuva nos embale e que o vento forte, que sopra lá
fora, nos faça aconchegar ainda mais, enroscar, amar.
Espero por sentir os teus dentes na
minha carne, a tua boca na minha pele, a tua saliva misturar-se com a minha.
Quero te tanto e no entanto não te conheço, não sei quem és, nem sei se existes
para mim, como eu quero existir para ti. Queria fazer deste sonho a realidade,
desta realidade um sonho. Contigo a meu lado, comigo a teu lado. Ver-te rir nos
meus braços, sentir o teu calor em meus lábios e as minhas mãos no teu corpo
quente e sedento. Ver uma gota de suor escorrer no teu corpo, como aquela gota
que percorre a minha janela… vê-la arrefecer as nossas peles ardentes. Toca-la
e ver o teu corpo reagir ao meu toque, percorrer-te com a ponta dos meus dedos
e sentir-te vibrar a cada gesto e movimento meu.
Sou de carne e osso, mas aqui e agora
sou forma indefinida, corpo astral de fantasia, forma de luz que se entrega a
outra forma indefinida caprichosa, que desperta em mim o desejo da carne.
Até que acordo para a realidade
Não existes aqui
Não te posso ter aqui
Não queres estar aqui
Não sei quem és.
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