Friday, April 20, 2012

Sentado no topo do mundo

Não é fácil sentar-me aqui no topo do mundo e ver a vida passar.
Sou invisível à realidade que a meus pés passa, consigo ainda sentir a sua brisa na sua planta.
Brinco com as chaves do meu coração enquanto balanço as minhas pernas, como uma criança. Gostava de saltar daqui, voar em voo decrescente e planar sobre a tua cabeça. Sorrio para o mundo. É tão bonito.
Deixei a porta aberta para os anjos entrarem e acendi umas velas para melhor receber a noite. Preferia receber-te a ti, mas aqui não consegues chegar. Nem tu nem ninguém. Vivo neste limbo onde só as almas errantes existem. E nenhum mortal nos consegue ver. É fascinante ver o brilho da chave que seguro na minha mão, reflecte as estrelas e o luar. É de um material ainda não descoberto pela ciência. Tento equilibrala na ponta dos meus dedos. A sua beleza é mesmo hipnotizante. O seu brilho intensifica-se e ela foge de mim. Começa a flutuar no ar e a sua luz quase que me cega. Tento-to alcança-la mas ela parece dirigir-se para o solo. Não sei que fazer. Salto atrás dela. Sinto-me uma estrela cadente, a velocidade vai aumentando e sinto-me cada vez mais próximo do mundo real. É então que te vejo, sorris, cantas e encantas todos a tua volta. E a minha chave funde-se contigo.
Tento impedir que isso aconteça, mas é tarde de mais. Tornaram-se num só corpo. Aproximo-me de ti, mas não me vês.
Esqueci-me. Não sou visível aos teus olhos.
Fico quieto a olhar para a tua beleza, para o teu brilho, para a tua luz sem te poder tocar, sentir, amar.
Tão perto e tão longe.
Tens a minha essência fundida com o teu ser e não posso ser teu, não posso fundir também o meu corpo ao teu.

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